quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Fechando a Caixa de Sugestões

Há 20 anos fazer caixa dois era ilegal, hoje, é um recurso governamental.
Há 20 anos a prostituição era marginal, hoje, é o centro das atenções na TV.
Há 20 anos se procurava emprego no jornal de domingo, hoje, é a qualquer instante na internet.
Há 20 anos o celular não existia no país, hoje, são mais assinaturas do que habitantes.
Há 20 anos a AIDS era uma sentença de morte, hoje, é uma exigência de disciplina.
Há 20 anos a virgindade não era mais importante, hoje, é inexistente.
Há 20 anos um livro tinha que ter páginas de papel, hoje, não mais.
Há 20 anos o sonho americano existia, hoje, a coisa está mais pra pesadelo.
Há 20 anos a Caixa de Sugestão parecia funcionar corporativamente, hoje, sabemos que foi tudo um engano.


Realmente, duvido que em algum dia essa ação já tenha rendido algo de proveitoso para uma empresa, seja ela voltada para recolher opiniões de clientes ou funcionários. Bem, quando essa Caixa de Sugestões funcionava para os clientes emitirem suas mensagens em caráter particular, quase como uma Ouvidoria, até tudo bem. Ok, até pode ter funcionado em alguns momentos.

Agora, em relação ao público interno essa ação sempre foi um desastre. E se por acaso em sua empresa existe uma Caixa de Sugestões que desempenha bem os seus objetivos, meu amigo, comece a observar outras oportunidades no mercado. Por que algo de muito estranho acontece nessa empresa. Cuidado.

Uma Caixa de Sugestões é a máquina da preguiça, a calculadora da negligência. Pois se você quer saber opiniões de seus funcionários, existem diversas pesquisas sérias e eficientes para isso; se você quer motivar seu pessoal a participar com liberdade na empresa, existem diversas campanhas e técnicas com pequenas margens de desvio, exatamente para isso; se você quer demonstrar uma democracia corporativa, faça isso de cara limpa, fora de uma caixa fechada.

Normalmente a pessoa que dá a ideia de fazer uma Caixa de Sugestões na empresa, não é a pessoa que vai apurar o resultado, que vai abrir a caixa. E no caso, o agraciado por realizar essa tarefa, na terceira vez já não tem mais a mínima paciência pra isso. Pois é perda de tempo. E aí a caixa vai sendo aberta cada vez com menos freqüência, até virar a casa de uma aranha.

Quando a pessoa coloca sua opinião em uma caixa, mesmo que ela não esteja protegida pelo anonimato, a sensação psicológica é de escuro, de transgressão, de escrever palavrão no banheiro da escola. É uma sensação até boa, mas é uma sensação nítida de quem está comprometido só consigo mesmo. Comprometido com sua verdade, com suas convicções, com sua raiva, com seus sentimentos e por aí você já imagina o conteúdo da mensagem depositada na caixinha. Totalmente emocional e de impossível aplicação na realidade (aí está a razão da falta de paciência do “abridor” da caixa, comentado acima).

Uma pessoa comprometida com outra pessoa ou com uma empresa faz acontecer. O comprometimento gera atitude, o comprometimento não é passivo. Então, antes de instituir a enigmática caixa preste atenção. Pois quando você a abrir pode perceber que ela não é mais de Sugestões, e sim, de Pandora. E depois que abriu...

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