A sociedade brasileira tem vários pontos muito positivos em sua forma de se comunicar. O trânsito de informações é quase sempre realizado de maneira expansiva, aberta, afetuosa e muito receptiva. Os Trópicos explicam. E até aí tudo bem, tudo ótimo, mas eu queria saber onde entra nessa história a razão de toda essa nossa cordialidade ser somente aparente. Alguém sabe a resposta? Mas é pra falar a verdade, e na cara, hein!
Normalmente, quando temos uma verdade ou uma opinião sobre alguém, esse alguém é o último a ficar sabendo. E quase sempre por alguém que não é você. Fato: o povo brasileiro tem dificuldades de verbalizar opiniões diretamente à fonte interessada. Pois quantas vezes você já não falou ou ouviu coisas de outras pessoas, sobre as quais você não possui nenhuma forma de controle ou decisão? E até ficou achando que se tudo aquilo fosse falado com a pessoa em questão poderia até ajudar de alguma forma?
Sinceramente (sem trocadilhos com o assunto do texto) não sei o que é pior, se é não falar diretamente com o interessado ou se é falar, mas daquele jeitinho imensamente brasileiro, cheio de malemolência, de amortecimento, de justificativas e de veja como sou sincero. Em resumo, a comunicação acontece por aqui quase sempre pela metade, desfigurada.
E aí você fica na dúvida se concorda, se continua lendo o texto ou se me acha muito radical. Pode falar. Mas tem que ser aqui ó, na bucha! E para não restar dúvidas vou fazer um paralelo com sua vida profissional e lhe perguntar: como acontece o feedback em seu trabalho? Você recebe bons feedbacks? Você oferece bons feedbacks?
Nem preciso me estender muito para enlaçar este aspecto coletivo da personalidade brasileira, de ausentar-se do compromisso com sua opinião, juntamente à ausência de feedback em todos os níveis e em todas as direções em nossas empresas.
Eis um dos maiores desafios encontrados pelo Endomarketing e pela Comunicação Interna no Brasil, a falta de retorno da comunicação. E o pior de tudo, nossos públicos internos – brasileiros - são sempre repletos de opiniões inteligentes e criativas.
Feed back é uma prática, é expor formalidades de maneira informal. Pois não acredito em reuniões de equipes com esse fim, caixa de sugestões ou gestores que realizam verdadeiras sessões de tortura para seus subordinados abrirem o bico e oferecerem um retorno, que obtido desta forma não reflete realidade alguma.

Mas na verdade, descarada mesmo, eu acho que o mais frutífero nesta questão de feedback, é o profissional de Endomarketing não ficar muito tempo sentado em sua cadeira. Ele precisa estar e se fazer presente na empresa como um todo, para que assim seu exemplo seja observado e seus argumentos possam ir e voltar, livremente.
Aproveitando esse assunto sobre a ausência de um retorno direto à comunicação e sobre feedback profissional, gostaria de fazer mais algumas perguntinhas ao brasileiro que você é:
Por que você acha que este blog só recebeu dois comentários formais até agora? Por que você ainda não fez nenhum comentário? Será que está tudo tão ruim? Ou será que está tão ótimo assim? Será mesmo que alguém está me lendo? Será que devo continuar com tudo isso? Será?
Sensacional, pena que eu vi esse post apenas hoje....
ResponderExcluirMuito bom. Concordo!
ResponderExcluirOlá Flavio, parabéns pelo blog, você é um ótimo redator!
ResponderExcluirEm relação ao post, infelizmente é isso mesmo o que acontece.
Na relação funcionário-patrão, o feedback muitas vezes não é dado por receio de represália, o funcionário pode achar que o patrão não irá gostar de ouvir seus comentários, mesmo que ele tenha pedido, pois trata-se de uma situação muito delicada e qualquer palavra despretenciosa pode gerar um enorme desconforto, o que causaria estragos irreparáveis na relação...
De toda forma, para se obter feedbacks mais frequentes é preciso incentivar os clientes à fazê-los, e dar a opção do anonimato!
Pense nisso e, se você tiver uma boa audiência, tenho certeza que muitos irão contribuir, assim como eu espero tê-lo feito com este comentário!
Grande abraço.
Não desista, não, Flávio! Como você muito bem apontou logo no início do seu texto, trata-se de uma característica cultural. E cultura, você sabe bem disso, é difícil de "mudar". Só o tempo, os exemplos e contribuições como a sua podem ajudar a acelerar e tornar menos "dolorosa" essa mudança.
ResponderExcluirÓtimo texto! Parabéns!
Célia Castro